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Em defesa das mulheres e da UFRJ

Na cerimônia de entrega do título de Professora Emérita da UFRJ, Raquel Paiva enfatiza a luta contra o machismo e a importância da Universidade Pública

Na manhã desta quinta-feira, dia 5, no Auditório Vianinha, Raquel Paiva de Araújo Soares, da Escola de Comunicação (ECO), recebeu o título de Professora Emérita da UFRJ. A solenidade ocorreu durante sessão extraordinária do Conselho Universitário, presidida pela reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho.

Estiveram presentes também o vice-reitor, professor Frederico Leão Rocha; o decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), professor Marcelo Macedo Corrêa e Castro; a pró-reitora de Extensão, professora Ivana Bentes; a diretora da ECO-UFRJ, professora Suzy Santos; a deputada estadual Renata Souza, ex-orientanda de Mestrado e Doutorado de Raquel Paiva; os professores Marcio Tavares d´Amaral, Gabriela Nora e Victa Carvalho, da ECO-UFRJ, e Maria Cristina Moreira Alves, da Escola Politécnica; e as servidoras técnico-administrativas da ECO-UFRJ, Flavia Martinez e Jorgina da Silva.

Confira abaixo alguns trechos do discurso da professora emérita Raquel Paiva:

"Eu queria começar minhas poucas palavras com um poema do professor Agenor Miranda Rocha, que foi professor do Colégio Pedro Segundo e um dos mais importantes sacerdotes do candomblé no país, com quem eu tive a honra de conviver diariamente por 15 anos, e que foi uma das pessoas que mais influenciou em minhas escolhas. O poema que elegi ‘A minha Vida’, está no seu livro ‘Oferenda’ e diz o seguinte: 

Aqui está minha vida – esta areia tão clara

Com desenhos de andar delicados ao vento.

Aqui está minha voz, esta concha vazia,

Sombra de som curtindo o seu próprio lamento.

Aqui está a minha dor – este coral quebrado,

Sobrevivendo ao seu patético momento.

Aqui está minha herança – este mar solitário

Que de um lado era amor e, do outro, esquecimento.

 

Este poema expressa a aceitação. Não uma aceitação dócil, mas aquela da luta, a luta a que principalmente nós, mulheres que aqui estamos nesta sala, exercemos quotidianamente. Sejam elas alunas, professoras ou funcionárias, que agora ocupam lugares de projeção e por isso mesmo as escolhi para me acompanharem."

Mês de março

"Estamos às vésperas do 8 de março, dia em que se celebra o Dia internacional de Luta das Mulheres, também do 14 de março, quando se completam dois anos do assassinato ainda não elucidado de uma das políticas mais conhecidas no mundo inteiro (Marielle Franco). Portanto, março é um mês muito especial em que devemos falar de mulheres. (...) Todas nós sabemos também sobre os danos de violências mais sutis com as quais convivemos cotidianamente. Lamentavelmente  também temos que reconhecer que ainda temos que lutar contra a banalização dessa violência por parte de algumas mulheres, que acabam por endossar essa estrutura machista. E por isso eu digo: lutar também contra o preconceito dessas irmãs tem sido muito duro. Fragiliza a inserção de todas nós e nos desvia da nossa missão maior que é superar a retrógrada dicotomia entre homens e mulheres e de construir uma existência inclusiva para todos."

Trajetória acadêmica na ECO-UFRJ

"A celebração de hoje, nesses tempos inacreditavelmente tão difíceis, tem enorme significado. Para mim, reforça o acertado da escolha, depois de 35 anos de universidade pública. Aqui mesmo nessas salas, neste espaço, eu iniciei minha atuação como professora do curso de Jornalismo. E tempos depois, na minha gestão como coordenadora da Pós-graduação, transformei parte desse espaço, num pequeno anfiteatro para palestras e defesas. Por esta razão, fiz tanta questão que a solenidade fosse aqui, dentro dos muros da nossa Escola. As paredes guardam histórias, que estão na memória de alguns, que como eu, podem contá-las, para que assim consolidemos, cada vez mais, o forte laço comunitário que nos une."

Universidade pública

"Se para mim essa solenidade tem esse sabor de rememoração, e vou poupar a todos do enfadonho detalhamento das minhas atividades diárias, esse momento certamente também cumpre o papel inscrito na categoria do “exemplo” da retórica aristotélica. Exemplo que eu acredito deixar como legado para os colegas, também para meus alunos e ex-alunos e especialmente para minha filha, no inicio da sua carreira como médica e de pesquisadora. 

E, tenho certeza de que, para todos nós, essa consagração fica como registro de que, primeiramente, a universidade pública é o lugar mais importante para a geração, inovação e partilha do conhecimento. E que devemos lutar, sem esmorecimento, pela continuidade da nossa obrigação para com a sociedade.  E como no poema do Professor Agenor, vamos “abrir a janela” sempre e sempre, mesmo que tentem fechá-la à força ou com políticas desrespeitosas, como algumas vezes pude constatar ao longo desses 35 anos."

Professores eméritos

"A Emerência, o ápice da carreira acadêmica e do reconhecimento máximo pelos pares, exatamente nesse momento trágico em que o país vive, significa a minha capacitação permanente para a luta. Neste momento eu formalmente me enfileiro ao lado dos eméritos da minha Universidade, pronta para defendê-la para que chegue aos seus próximos 100 anos. Com bravura, mas também com sabedoria, porque como sempre me aconselha, zelosamente, o meu companheiro e parceiro de vida, a partir de um provérbio africano: 'quem joga água no caminho anda em areia fofa'."

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