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CFCH - Centro de Filosofia e Ciências Humanas

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Cineclube Pedagogias da Imagem exibe “Branco sai, preto fica”

Após a sessão, será realizada a palestra “Racismo não é burrice, é política mesmo”, com Renato Noguera, doutor em Filosofia pela UFRJ, professor do Departamento de Educação e Sociedade e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Leafro). 

O Auditório Anexo do CFCH fica no 3º andar do prédio anexo do CFCH, localizado no campus universitário da UFRJ na Praia Vermelha. O endereço é Avenida Pasteur, 250, fundos, Urca.

Sobre o filme: Crítica de Inácio Araújo, da Folha de São Paulo*

Não foi uma ONG nem um diretor de cinema de boa vontade que pôs uma câmera na mão de Adirley Queirós. Seu cinema não é, portanto, uma concessão à gente pobre das cercanias de Brasília, mas um manifesto das classes pobres sobre o estado do Brasil.

Se já falou de jogadores de futebol (ele mesmo foi um) e do aborto urbanístico brasiliense que são as cidades satélites, Ceilândia em particular ("A Cidade É uma Só"), agora é à nossa democracia racial que seu filme se volta. 

"Branco Sai, Preto Fica" é a frase pronunciada por um policial durante a invasão de um baile popular nos anos 1980. Ou, como explica um dos personagens logo em sua intervenção inicial, os brancos devem deixar o salão, os pretos ficam e apanham.

O resultado é o filme. Mas não só. Por um lado temos um documentário sobre o destino de dois rapazes, dançarinos, que estavam no baile. Eram adolescentes alegres, que preparavam passos inventivos para desenvolver na hora da festa. Agora um deles está preso a uma cadeira de rodas, o outro usa perna mecânica.

O original no filme é que não estamos em um documentário ressentido, mas em uma espécie de óvni cinematográfico em que os fatos se misturam à ficção e a ficção à ficção científica.

Entenda-se: por um lado existe desejo de reconstituir, ainda que por fotos, o que aconteceu naquela noite distante. E também de relatar o modo de viver de dois personagens: Marquim e Sartana.

Mas sobretudo Marquim (ligado à música) se envolve na ficção proposta por Queirós: a criação de uma espécie de bomba cultural a ser lançada em Brasília com elementos do modo de vida periférico. Sartana, com seus conhecimentos de eletricidade, o ajudará na operação.

O terceiro gênero implicado é a ficção científica: Cravalanças é o personagem que vem do ano 2073 para buscar provas da responsabilidade do Estado brasileiro nos eventos do baile popular que vitimou os rapazes negros.

Mais do que em seus filmes anteriores, Queirós produz, até pela interferência dos gêneros, um trabalho de narrativa fragmentada –complexa, bem mais do que complicada.

No filme, a feiura dos lugares (Ceilândia é inacreditável) será compensada pela qualidade dos enquadramentos, pela sensibilidade com que "Branco Sai" expõe o contraste entre a alegria adolescente dos sensuais dançarinos e a tristeza que se percebe no rosto dos atuais aleijados.

"Branco Sai" tem elementos de documentário, musical pop, ficção científica e ficção pura e simples. Dessa mistura sai um potente documento sobre o encontro entre nosso "apartheid" e a democracia racial à brasileira. Tem alguns problemas de ritmo, irrelevantes, porém, em face daquilo a que chega. O que temos a ver ali é um filme de terror verdadeiro.

Filme: "Branco sai, preto fica"

Direção: Adirley Queirós

Elenco: Marquim do Tropa, Dilmar Durães e Gleide Firmino

Produção: Brasil, 2015, classificação etária 12 anos

Avaliação: Muito bom

 

*Crítica publicada em 19/03/2015. Para acessar a versão original, clique aqui.

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