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CFCH - Centro de Filosofia e Ciências Humanas

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Em busca de visibilidade

No último dia 30, foi inaugurada a nona curadoria do projeto Espaço Memória, Arte e Sociedade Jessie Jane Vieira de Souza (Espaço JJ), intitulada “50 anos de Stonewall e os direitos da população LGBTQI+ no Brasil”. 

Na ocasião estiveram presentes na mesa de abertura o professor Marcelo Macedo Corrêa e Castro, decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH); Thiago Loureiro, coordenador do Espaço JJ; e Nayara Estrella Marinho, discente e membra do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Loureiro apresentou a trajetória do Espaço JJ e a importância do debate sobre o tema. “Creio que a sociedade brasileira enfrenta cotidianamente as consequências, por muitas vezes, violentas da discriminação e exclusão a que é submetida a população LGBTQI+. Como projeto de extensão da UFRJ, o Espaço JJ  apresenta-se como meio de fundamentar e instrumentalizar a defesa do respeito aos Direitos Humanos e da dignidade para todos”, afirmou. Corrêa e Castro saudou a equipe do Espaço, parabenizou a fundadora do projeto, professora Ludmila Fontenele Cavalcanti, destacou a relevância de preservação da memória e classificou o Espaço como meio de participação democrática. “A importância da memória não é ser um depósito do passado. Ela é um espaço de reflexão do presente e de projeção do futuro”, analisou. Para Nayara, a iniciativa da Decania do CFCH é fundamental por, em meio à conjuntura atual, articular diferentes coletivos LGBTQIs e demais grupos reunidos no espaço do campus da Praia Vermelha. A estudante também falou sobre a importância do reconhecimento do nome social de pessoas trans. “Apesar de a UFRJ reconhecer o nome social, muitas vezes, na lista de presença dos cursos, continua aparecendo o nome de batismo. Espaços como este contribuem para dar visibilidade à luta deste movimento”, afirmou a representante do DCE Mário Prata.

A segunda mesa do evento (foto acima) de abertura contou com a presença de Céu Cavalcanti, psicóloga e primeira doutora trans do Instituto de Psicologia (IP) da UFRJ; Suane Soares, professora do Núcleo de Bioética Aplicada (Nubea/CCS-UFRJ); e Henrique Rabello, professor do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida (Nepp-DH). Rabello destacou a importância de falar sobre o tema no Brasil da contemporaneidade, país em que mais se matam pessoas LGBTQIs em todo o mundo e cujos discursos de autoridades não contribuem para diminuição deste tipo de crime. “Dar visibilidade a essa pauta significa lutar pela cidadania de pessoas que são ameaçadas, agredidas, torturadas e mortas todos os dias neste país”, afirmou. 

O professor do Nepp-DH recordou iniciativas como o jornal “Lampião da esquina”, que embora tenha durado apenas três anos, de 1978 a 1981, produziu reportagens sobre a temática homossexual; e do Grupo de Ação Lésbico-Feminista (Galf), que promoveu o “Stonewall brasileiro”. No dia 19 de agosto de 1983, o Galf ocupou o Ferro´s Bar, no Centro de São Paulo, onde, cerca de um mês antes, integrantes do grupo haviam sido expulsas por venderem exemplares da revista Chanacomchana. O episódio, considerado um marco político para a história do movimento lésbico brasileiro, foi registrado por veículos de imprensa e contou com a presença de militantes e defensores dos Direitos Humanos. “Após o episódio no Stonewall nos Estados Unidos, essa luta reverberou em diversos outros países, inclusive no Brasil”, analisou o professor, que também mencionou a importância do CFCH para as lutas LGBTQI+. “Foi após a realização da 17ª conferência da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex (Ilga), sediada aqui neste campus, em 1995, que integrantes do movimento saíram em marcha até a Praia de Copabacana, naquela que ficou conhecida como a primeira Parada Gay do Brasil”, recordou Rabello.

Céu Cavalcante falou sobre a visibilidade das pessoas trans e a importância da disputa pela memória. Ela apresentou um trecho de um documentário sobre as manifestações após a invasão no Stonewall Inn, em que se destacam falas de Sylvia Rivera, mulher trans estadunidense e filha de imigrantes porto-riquenho e venezuelana. Rivera fala sobre as violências que sofreu ao longo de sua vida e de sua dedicação à luta pela causa LGBTQI+, mas que muitas vezes percebeu a causa das pessoas trans negligenciada dentro do próprio movimento. 

Céu mencionou uma classificação feita à época, por um deputado daquele país, segundo o qual, haveria três tipos de homossexuais: os ‘educados’, os ‘escandalosos’ e os travestis ‘perigosos’. A doutora em Psicologia e ativista citou ainda a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que deixou de considerar gays e lésbicas como doentes mentais na década de 1980, mas não as pessoas trans, que permanecem classificadas neste rol até os dias de hoje. De acordo com Céu, “é preciso pensar interseccionalmente para complexificar as questões e elaborar políticas públicas mais diversas e democráticas”.

Por fim, Suane Soares, professora do Nubea/CCS, iniciou sua apresentação com uma pergunta: “quantas mulheres lésbicas não-feminilizadas negras ou indígenas famosas vocês conhecem?”. A provocação foi a introdução para o tema do lesbocídio, crime que cresceu 150% entre 2014 e 2017, de acordo com levantamento do Núcleo de Inclusão Social da UFRJ. Com a voz embargada, a professora recordou casos como o de Luana Barbosa, morta em 2016, em São Paulo, aos 34 anos, após ser espancada por policiais militares por se recusar a ser revistada por homens. De acordo com Suane, uma lésbica morre a cada dois dias, seja por homicídio ou por suicídio. “Nossa luta é marcada pela invisibilidade. Muitas meninas lésbicas se recusam a entrar no sistema educacional por temer sofrer violência”, disse. “Esta invisibilidade muitas vezes também torna impossível o registro de ocorrências desses casos de violência. Por este motivo, é fundamental trazer esse tema para o debate”, concluiu a professora.

Sobre a curadoria

A curadoria “50 anos de Stonewall e os direitos da população LGBTQI+ no Brasil” fica em cartaz no Espaço Memória, Arte e Sociedade Jessie Jane Vieira de Souza – localizado no 2º andar do prédio do CFCH, no campus universitário da Praia Vermelha - de 30 de outubro a 19 de fevereiro. Além de fotografias das manifestações contra a invasão do Bar Stonewall Inn, no bairro do Village, em Nova Iorque, e imagens da repercussão cultural e política daquele movimento no Brasil, a programação conta com debates, oficinas, exibições de filmes - em parceria com a Semana da diversidade (ECO-UFRJ) https://www.facebook.com/semanadadiversidadeufrj/ - apresentações artísticas dos graduandos e pós-graduandos da Escola de Belas Artes (EBA) - que será realizada no Atelier Sanitário (Rua Pedro Ernesto 56, Gamboa). 

Programação

Data: 30/10, às 18h.

Mesa: Inauguração da curadoria “50 anos de Stonewall e os direitos LGBTQI+ no Brasil”.

Palestrantes: Henrique Rabello (Nepp-DH/UFRJ), Céu Cavalcanti (IP-UFRJ), Suane Soares (Nubea/CCS-UFRJ)

Data: 05/11, às 18h.

Cineclube Dissidências sexuais na Semana da diversidade da ECO-UFRJ

Filmes ameaçados: Cinema e resistência

 

Sessões: 

“Afronte”, de Bruno Victor e Marcus Azevedo.

“Mente aberta”, de Getúlio Ribeiro.

“Nosso sagrado”, de Gabriel Barbosa, Fernando Sousa e Jorge Santana.

Data: 06/11, às 18h30.

Mesa: Debate sobre os livros: “Tentativas de Aniquilamento de Subjetividades LGBTIs”, do Conselho Federal de Psicologia (org.) e “Saindo do armário”, de Murilo Peixoto da Mota.

Palestrantes: Pedro Paulo Bicalho (IP-UFRJ) e Murilo Motta (GANIMEDES/Nepp-DH/UFRJ), Heder Lemos Bello (CRPRJ)

Data: 13/11, às 14h.

Oficina: “Defesa pessoal com o grupo Piranhas Team”.

Data: 13/11, às 18h30. 

Mesa: “A violência atinge à todos - Mães pela diversidade e aliados”.

Palestrantes: Grupo Mães pela diversidade, Piranhas Team, Gilbert Stivanello (DECRADI), Letícia Furtado (Nudiversis - DPERJ). 

Data: 27/11, às 18h30.

Mesa: “Interseccionalidade”.

Palestrantes: professores/as Guilherme Jussara Marques (ESS-UFRJ), Danielli Balbi (ECO), Ivanete Silva (Rede Municipal-Caxias) e Mariah Rafaela (EBA), representante do DCE-UFRJ.

Data: 04/12, às 14h.

Oficina: “Trabalhando com Educação Museal”. Palestrantes: integrantes da Rede de Educadores Museais (REM/RJ).

Data: 04/12, às 18h30.

Roda de conversa com integrantes do grupo Ser LGBT na UFRJ - Compartilhando experiências (Docentes, Técnicos e Discentes, e terceirizados) e da Semana da Diversidade.

Sobre o Espaço JJ

O Espaço Memória, Arte e Sociedade Jessie Jane Vieira de Souza está localizado no segundo andar do prédio da Decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), no campus universitário da Praia Vermelha da UFRJ. É um projeto institucional de integração acadêmica da Decania do CFCH e credenciado no Sistema Integrado de Museus, Arquivos e Patrimônio Cultural (Simap). Trata-se do primeiro espaço cultural da UFRJ inserido em Decania com a participação de todas as unidades deste Centro. Ele tem como objetivo promover exposições no campo das Ciências Humanas e Sociais, através da articulação com movimentos da sociedade civil, numa perspectiva transdisciplinar, sobre temas contemporâneos que articulam ensino, pesquisa e extensão. 

As atividades promovidas através deste projeto, realizadas com a participação das unidades e órgãos suplementares do CFCH e instituições parceiras, incluem seminários, rodas de conversa, debates com projeção de filmes, feira de livros, entre outras. O Espaço tem como público-alvo preferencial estudantes de escolas de educação básica das redes públicas, associações de moradores, estudantes de diferentes instituições de ensino superior, movimentos sociais, sindicatos, profissionais e gestores de políticas públicas, estando aberto à população em geral. Em suma, é um espaço formativo que potencializa as trocas entre os sujeitos e os saberes, promovendo maior integração entre a UFRJ e a sociedade.

 

*Extensionista do Projeto Memória, Arte e Sociedae Jessie Jane Vieira de Souza/Decania do CFCH.

**Jornalista do Setor de Comunicação (SeCom) da Decania do CFCH.

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