A coordenadora aproveitou para contar um pouco de sua trajetória de vida. Aos dois anos, após a morte dos pais, foi acolhida por duas mulheres italianas. “Dos três aos 15 anos, eu tive uma vida de cinderela, estudei nos melhores colégios, mas com 15 anos essas senhoras faleceram”, lembrou. Depois de um ano aos cuidados do Juizado de Menores, foi viver nas ruas e se viciou em crack. Questionada sobre a motivação de coordenar o MNPR, ela explica que foi pela gratidão aos ex-companheiros de rua: “Eles foram meus pais, minhas mães, meus irmãos. Se eles não tivessem me protegido, eu teria morrido ou seguido para o caminho da prostituição”. 

Impulsionada por essa gratidão, Maria Lucia procurou um centro de recuperação e conseguiu se livrar das drogas. Desde então, dedica-se fortemente a melhorar a qualidade de vida da população em situação de rua, articulando as demandas com os poderes públicos. Nos últimos anos, a coordenadora e outros líderes do Movimento alcançaram resultados surpreendentes na Bahia: conquistaram uma sede própria, criaram uma república para abrigar 30 homens em situação de rua com recursos do governo do Estado, promoveram oficinas de capacitação profissional e possibilitaram o acesso de muitas famílias à casa própria através do programa “Minha Casa, minha vida”. 

A coordenadora do MNPR realizou atividades lúdicas com os alunos e apontou o melhor caminho para alcançar êxito na ressocialização de pessoas em situação de rua na cidade do Rio de Janeiro: um diálogo permanente entre diversos setores e profissionais que atuam com essa população. “O Movimento não apenas acolhe, capacita e emprega, mas também acompanha”, concluiu. 

Curso de Extensão de Nepp-DH

O Curso de Extensão “COTIDIANO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: violação de direitos, políticas e metodologia de atendimento” é promovido pelo Núcleo de Direitos Humanos (NEPP-DH), com a coordenação da professora Mariléa Porfirio, em parceria com o Fórum Permanente da População Adulta em situação de rua. As aulas seguem até 5 de julho, às sextas-feiras, das 8h30 às 12h30, no campus da UFRJ na Praia Vermelha. 

*Suzana Rozendo Bortoli é Doutoranda pela ECO-UFRJ

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