A Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ iniciou as atividades em comemoração aos 50 anos de sua fundação nesta segunda-feira, 13 de março. Foi nessa mesma data, em 1967, que a unidade abriu as portas e começou a formar profissionais para o mercado de Comunicação. De lá para cá, diversos foram os jornalistas, radialistas publicitários, profissionais de rádio e tv que ajudaram a levar adiante a tradição dos “ecoínos”, como são chamados os egressos desta casa.
Na tarde da última segunda-feira, para celebrar a data, a professora Cristina Rego Monteiro da Luz, vice-diretora da unidade, mediou um talk show do qual participaram os jornalistas Fátima Bernardes, da Rede Globo, Paula Ferreira, do jornal O Globo, e Fernando Molica, da Rádio CBN. Graduada em 2014 e com apenas um ano de profissão, Paula Ferreira já ostentava um Prêmio Esso pela série reportagens “Educar em áreas de conflito”, publicada nos dias 28, 29 e 30 de junho de 2015, em trabalho de reportagem ao lado de Antônio Gois, Carol Knoploch, Raphael Kapa e Renata Mariz. “Obviamente os conflitos que ocorrem nessas comunidades interferem no processo de aprendizado das crianças que ali vivem”, disse Paula. Segundo ela, a formação acadêmica na ECO foi fator fundamental para que hoje seja uma profissional reconhecida no mercado de trabalho. “O que eu mais levo daqui é o pensamento crítico. Me lembro de uma aula da professora Cristina Rego Monteiro, em que ela disse para a gente não se autocensurar. Isso foi muito importante para mim. Muitas vezes, uma matéria não acontece por que o próprio repórter deixa de sugerir a pauta pensando que o editor não irá aprovar”, afirmou.
Fernando Molica, atual âncora da Rádio CBN, também das Organizações O Globo, lembrou o seu início na Escola de Comunicação da UFRJ. “Foi em 1979. Faltavam poucas semanas para a posse do (general João Baptista) Figueiredo (último presidente militar, que governou o país de 1979 até 1985). Na época eu tinha apenas 17 anos e os veteranos vieram nos convocar para uma passeata contra a sua posse. Havia uma grande ebulição política na época, com estudantes integrantes de partidos políticos na clandestinidade e outros grupos. Fiquei sem entender muito bem aquilo. Parecia mais um curso de Ciências Políticas e cheguei a perguntar “quando é que vamos aprender jornalismo?”. Mas hoje eu vejo como aquilo foi importante para a minha formação”, recorda. Molica reconheceu em parte o caráter conservador das grandes empresas de comunicação, mas ponderou. “Os jornais têm seus compromissos editoriais e uma visão liberal de mundo. Você não precisa concordar com eles. Pode cancelar a sua assinatura e até processá-los se achar que deve. Mas eles não são máquinas de censurar. Eles têm suas contradições, como toda empresa, mas também têm espaço para refletir sobre a sociedade e estar na vanguarda. Muitas vezes as redações são muito mais progressistas do que os seus leitores”, analisou. O âncora da CBN também falou sobre o papel da internet no jornalismo na atualidade. “A internet democratiza, mas, ao mesmo tempo, também pulveriza a informação. O jornal te obriga a conhecer a divergência. Há muito pouca divergência nas redes sociais. Você só lê o que te interessa ali. Nos jornais você é obrigado a ler o que não gosta, muitas vezes”, comentou.
A apresentadora Fátima Bernardes chegou com alguns minutos de atraso, mas foi muito aplaudida pelos estudantes. Ao saudar o público que a recebia com admiração, enalteceu os jovens: “Eu me surpreendo positivamente com o grau de informação dos meus filhos e dos amigos deles hoje em dia. Eles têm acesso a informações que nós não tínhamos em outros tempos. Na equipe do meu programa, temos muitos jovens que fazem um trabalho muito bom”, disse. Fátima também recordou os tempos de estudante: “Entrei na ECO em 1980 e fui reprovada em uma disciplina. Na época fiquei arrasada, mas depois vi que aquilo tinha sido a melhor coisa me poderia me acontecer, pois eu estava apenas reproduzindo o que ouvia. Na segunda vez que a cursei, me dediquei ao máximo e fui aprovada. A maior lição que tiro desse episódio é que foi aqui na ECO que eu aprendi verdadeiramente a pensar”, concluiu a apresentadora.
As atividades em comemoração aos 50 anos da ECO continuam ao longo de todo o ano de 2017. A programação na íntegra está disponível na página da unidade.
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