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ECO-UFRJ: 50 anos de resistência, diálogo e pensamento crítico

Um dos professores eméritos, Márcio Tavares d´Amaral, é um dos fundadores da Escola. Ele falou sobre a importância da cerimônia e recordou aqueles primeiros anos. “A palavra comemorar quer dizer isso: ‘lembrar junto’. O que temos aqui hoje é uma comunidade celebrando junto a sua origem há 50 anos, quando vivíamos um momento de ditadura, em que a experiência da liberdade do pensamento era muito perigosa. Aquele foi o momento em que a ECO foi fundada, antes do AI-5 (Ato Institucional Número 5, decretado em 1968, que restringiu as liberdades e os direitos civis)”, lembrou. Para o professor, a reunião de pensadores de diferentes áreas foi uma experiência inovadora. “Foi realmente uma grande aventura: transdisciplinar, reunindo todas as experiências possíveis, de filósofos a linguistas, antropólogos, psicanalistas, historiadores, juristas, tinha de tudo. Então se fez essa grande experiência de convivências de diferenças, de multiplicidades do pensamento, e dos afetos. A ECO sempre foi um lugar com espaço para todo mundo. Não tem disputa de posição. Aqui cabe todo mundo. E nesses 50 anos foi o que a gente vem fazendo. O que acabou constituindo também a ECO, nas Humanidades, como um lugar de resistência a esse achatamento, à unidimensionalização, ao pensamento único. Isso tudo se encontra aqui”, enfatizou.

Comunicação em extinção?

D´Amaral também falou sobre a importância da formação de jovens profissionais de Comunicação nos tempos atuais. “Nós estamos voltando a tempos obscuros, de agressões à Universidade, ao pensamento... A sociedade hoje está dividida em ‘sim’ e ‘não’, não tem meios termos nos quais se possa conversar. A arte de conversar, da Comunicação está praticamente em vias de extinção. Então, celebrar os 50 anos de uma escola dedicada a conversar, a criar sentido, ao diálogo é um momento politicamente importante, de resistência ativa, não ressentida, não reativa, mas sim ativa, propositiva”, comentou. De acordo com o emérito, a convivência com os jovens é o que lhe dá esperança por dias melhores. “Eu venho para cá todo dia, eu dou aula todo dia porque todo dia eu vou encontrar pessoas muito jovens, de 17, 18, 19 anos que os olhos brilham. São pessoas que têm esperança. Então a esperança que a gente pode ter no futuro é porque a juventude existe”, concluiu.

Senso crítico e democracia: desafios para os profissionais de Comunicação

O professor Henrique Antoun rememorou as diversas oportunidades em que se esteve próximo da Escola, desde o curso de doutorado, entre 1989 e 1993, orientado por Márcio Tavares d´Amaral, até a contratação como professor efetivo, em 1998. “A ECO é uma parte importante da minha vida como pensador, como intelectual, como professor”, analisou. Para ele, a formação é um momento fundamental na vida do profissional de Comunicação. “Todos acham importante ter senso crítico, mas a primeira coisa que fazem quando chegam diante do currículo é tentar eliminá-lo e trocá-lo por matérias de adestramento, instrumentais, de manipulação técnica etc. O que o trabalho jamais vai te dar é exatamente essa capacidade de avaliar algo, propor algo diferente, brigar por algo diferente, mas o mercado não quer saber disso. O mercado é feito de gente que quer obedientes para fazer o que eles, iluminados, pensam. É uma tendência mais do que natural do mercado de proprietários e de donos do negócio. Então é complicado: todos louvam o sentido crítico, mas todos querem eliminá-lo”, opinou. 

Antoun também falou sobre o momento político do país. “Brasil e golpes são sinônimos. Nós temos mais tempos de ditaduras e golpes do que tempos de democracia. A novidade é quando aparece a democracia. Mas parece que ninguém aguenta muito tempo. Parece que todo mundo já começa a querer se livrar dela de algum jeito. E ela sempre acaba sucumbindo. Eu não vejo o que está acontecendo hoje em dia como vindo de uma única fonte. Na verdade, são muitas as fontes golpistas, de todos os matizes ideológicos. E é isso que arruína a própria democracia: essa incapacidade de aceitar as diferenças, de lidar com as diferenças, de abrir e ampliar as formas sociais de participação”, concluiu.

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