O Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE), vinculado ao Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ, sediou, entre os dias 26 e 28 de março, a Jornada Internacional de Pesquisadores (Jipa 2018) que teve como tema deste ano “Lutas e resistências ao conservadorismo reacionário”. O evento foi realizado pelo Programa de Pós-Graduação de Serviço Social (PPGSS), vinculado à Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ.
Além das mesas de debate, a programação contou com as exposições “Lutas e resistências”, do fotógrafo Pablo Vergara, que retrata o cotidiano de assentamentos do Movimento dos Sem Terra (MST), e “Revolução em Imagens”, curadoria do Espaço Memória, Arte e Sociedade Jessie Jane Vieira de Souza, vinculado à Decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Ademais, os participantes do evento puderam conhecer os produtos do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que foram comercializados naquele espaço. Livros da Editora UFRJ, Boitempo, Livraria Expressão Popular e outras, também estavam disponíveis para venda ao público.
Os debates contaram com pesquisadores de diversos países que se debruçam sobre o tema a partir de diferentes perspectivas teóricas. Na mesa de abertura, a professora Rosana Morgado, coordenadora do PPGSS, deu as boas-vindas ao público, composto por estudantes, professores, servidores técnico-administrativos e demais interessados. Ela enfatizou o grande número de pessoas presentes no local e de espectadores que assistiam a transmissão ao vivo pelos canais institucionais da UFRJ. Antes de concluir a fala de abertura, a professora pediu uma salva de palmas à vereadora Marielle Franco, executada a tiros no último dia 14, junto com o motorista Anderson Pedro Gomes.
Andréa Teixeira, diretora da ESS-UFRJ, enfatizou a importância da realização de tal discussão na atual conjuntura. “Em todos os países do mundo está havendo uma volta do conservadorismo reacionário. O genocídio da população negra e dos defensores dos direitos humanos. Precisamos, mais do que nunca, pensar coletivamente e saudar iniciativas como esta, que promovem esta reflexão”, analisou.
Lilia Guimarães Pougy, decana do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e professora do PPGSS, falou a partir de seu “lugar de implicância orgânica, visceral e apaixonada”. Para ela, “é quase uma ousadia a realização de atividades que promovam a crítica, que interpelem o senso comum, denunciem o que está em jogo e discuta perspectivas futuras”. A decana do CFCH lembrou ainda a deposição da presidenta Dilma Rousseff, “democraticamente eleita”, e de “seu programa de governo eleito pelo povo”. Lilia encerrou a fala lendo um trecho do conto “A cor dos olhos d´água”, de Conceição Evaristo, graduada em Letras pela UFRJ. Em seu texto, a autora busca a memória da cor dos olhos da sua mãe e sofre por não conseguir lembrar, até “compreender que nos olhos ou rios caudalosos sobre a face, águas correntezas, a cor dos olhos d’água. E descobrir na cor dos olhos da filha, o espelho para os olhos da outra”, recitou a decana. “Torço para que possamos reconhecer a cor dos olhos d’água”, concluiu Lilia.
Leila Rodrigues, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2) da UFRJ, representou o magnífico reitor, professor Roberto Leher, e destacou o “compromisso da Escola de Serviço Social, não apenas nas atividades de sala de aula, mas também nas práticas acadêmicas, como este evento”. A pró-reitora também lembrou a execução de Marielle Franco. “Quando esta jornada estava sendo preparada, não se esperava que o que estava ruim poderia ficar pior. O crime cometido é uma prova de que a onda conservadora atingiu dimensões gigantescas e que precisa ser analisada. Foi um crime de classe, de raça e de gênero”, afirmou.
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Para assistir à transmissão na íntegra, clique aqui.
Foto: Pedro Barreto/SeCom/CFCH
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