As professoras Lilia Guimarães Pougy, decana do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e Marilea Porfirio, coordenadora de extensão do Nepp-DH, abriram o debate, ressaltando a relevância do curso. Em seguida, a professora Sylvia Moretzsohn, do Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS), e Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional protagonizaram a mesa principal da noite.
Sylvia abordou a maneira como a imprensa comercial atua na cobertura da violência urbana e, entre outras análises, falou sobre a importância de os jornalistas procurarem desnaturalizar certos conceitos, tidos como consolidados pelas grandes empresas de comunicação. "É preciso pensar contra os fatos", afirmou, numa provocação à premissa de que "contra fatos não há argumentos". Segundo ela, "é justamente o contrário: contra os fatos é que existem argumentos. Há diversas possibilidades de se interpretar os fatos".
Átila Roque iniciou a apresentação falando sobre racismo, violência e desigualdade que, segundo ele, "são estruturantes da sociedade brasileira". De acordo com o diretor da Anistia Internacional, há duas instituições que definem a separação entre "nós e eles": a Polícia e a Mídia. "O Brasil é um dos países que mais matam no mundo. São quase 60 mil homicídios por ano e apenas 5% chegam aos tribunais", disse, apresentando dados do relatório "Você matou meu filho: homicídios cometidos pela Polícia Militar do Rio de Janeiro", da Anistia Internacional.
Ainda segundo o relatório, das 1.275 vítimas de óbitos decorrentes da intervenção policial entre 2010 e 2013 na cidade do Rio de Janeiro, 99,5% eram homens, 79% eram negros e 75% tinham entre 15 e 29 anos de idade. Em 2014, os homicídios praticados por policiais em serviço corresponderam a 15,6% do total deste tipo de crime em toda a capital fluminense. "O auto de resistência é uma categoria utilizada para classificar a morte em confronto com a Polícia. No entanto, temos indícios de que 80% a 90% das mortes cometidas pelos agentes policiais foram execuções", afirmou.
Átila também falou sobre as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Apesar da redução significativa dos homicídios nas favelas ocupadas pela polícia a partir de 2011, houve um aumento de quase 40% entre 2013 e 2014. O diretor da Anistia Internacional explica que, não obstante a queda no número de assassinatos nas áreas com UPPs, no restante da cidade ocorreu o inverso. "A UPP começou com a proposta de ser uma polícia de proximidade. Mas o que se viu com o passar do tempo foi um esgotamento do modelo, voltando à mesma concepção de ocupação militar realizada até o início delas", afirmou.
O curso de extensão “Mídia, Violência e Direitos Humanos” continua nos dias 4, 11, 18 e 25 de novembro e 2 de dezembro, sempre das 18h às 21h.
Fotos: Oscar Cabral.
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